Textos poéticos de carácter lúdico - I

1. Vamos hoje ler e interpretar textos poéticos que, para além de terem uma intenção comunicativa, divertem!

Comecem por ouvir a leitura do poema de Alexandre O'Neill, realizando depois em grupos de dois a vossa própria leitura expressiva e dramatizada, tendo por modelo a leitura da professora e adoptando estratégias adequadas aos contextos criados no poema.Para tal, descarreguem esta ficha de trabalho, cuja restante resolução será orientada pela professora.







Fala!


Fala a sério e fala no gozo

Fá-la pela calada e fala claro

Fala deveras saboroso

Fala barato e fala caro


Fala ao ouvido fala ao coração

Falinhas mansas ou palavrão


Fala à miúda mas fá-la bem

Fala ao teu pai mas ouve a tua mãe


Fala francês fala béu-béu


Fala fininho e fala grosso

Desentulha a garganta levanta o pescoço


Fala como se falar fosse andar

Fala com elegância - muito e devagar.


Alexandre O’Neill, Antologia Poética, Publicações Dom Quixote



2. Leiam e observem o texto a seguir transcrito e reflictam, com orientação da professora, sobre os seguintes aspectos:

  • relação com o título do poema «Fala!»
  • classificação do texto: será um poema? Porquê?
  • relação da intenção do sujeito poético com o nome dado à "colecção" destes pequenos textos: «Divertimento com sinais ortográficos».
Seguidamente, deverão regressar à ficha de trabalho para resolver um exercício a partir da interpretação do texto.







Não abuses de mim!


Alexandre O’Neill, Antologia Poética, Publicações Dom Quixote



Read Users' Comments (0)

Trava-línguas: fazer da poesia música...

A aula de hoje vai ser dedicada aos trava-línguas e à exploração das suas características enquanto texto poético e expressivo.

Para tal, proponho-vos as seguintes actividades:

1. Consultem os links sobre trava-línguas na barra lateral (Links úteis), seleccionem um ao vosso gosto e preparem a sua leitura (e memorização, se possível) para posterior apresentação à turma e inferência das características deste tipo de texto.

2. Leiam os trava-línguas que se seguem, da autoria de Teresa Guedes (Palavromanias, Porto Editora), e respondam ao questionário sob orientação da professora.


Na Primavera
um próspero ponto
pronto a partir
na hora de ponta
para uma premeditada ponte,
pranta-se num pranto pungente,
porquanto na ponta do próprio ponto
há uma porção propícia a um ponto.
Propus-lhe pressuroso e prestativo:
- Precisas pontear essa ponta;
procura na prateleira uma presilha
para prender a pretensão a essa proeza
prestes a provocar um problema de pontuação.

Prega na ponta prevaricadora do ponto
uma prega pontuda para...
- Mas qual ponto?
O ponto de vista, o ponto da uma em ponto,
o ponto de partida
ou ponto de açúcar em ponto?
- Pronto! Parágrafo! -
proferiu prontamente
o ponto do ponto final.


POEMA DA CONSOANTE

No sambódromo
saltitam solas,
sinos, sinetas,
sainetes, sombrinhas,
sonhos, suspiros,
sorrisos, sustos.
Stop!
Socorro!
As solas sumiram
com solos em sol e em si
do solista do saxofone,
para solos sediados
de semifusas, semicolcheias,
sapateado, swing, sinatras.

Sim?! E se... safa!
Safem, subornem, suprimam
os SSSSSSSSSSSS...
senão...
Sim?!
E como sacias a _ede?
E como _orves o _uminho?
E _aboreias o _orvete,
a _anduiche, o _alame,
a _alsicha?
E _acodes o _ono e o _uor
e _aracoteias a tua _aia
neste _ururu de _andálias
e _apatinhas?
Schiu, seu S snob e sabichão!
Se não sossegares com a serpentina
do silêncio aos SSSSSSSSS
com uma sapatada e um safanão.


3. Expressão escrita: em grupos de dois, escolham uma consoante do alfabeto à excepção do p e do s, façam uma lista de palavras em que a consoante esteja presente e construam um texto criativo, recorrendo à aliteração, a diferentes classes morfológicas e a diversos tipos de frase.


Sistematização

Definição de trava-línguas


Os trava-línguas são pequenos textos, em prosa ou em verso, que desafiam o seu emissor a dizê-los depressa, o que se torna difícil, mesmo para adultos, devido à sucessão de sons das palavras com que se realizam oralmente. A repetição da mesma consoante cria um efeito denominado aliteração. Se forem ditos muito depressa, é quase impossível pronunciá-los sem tropeçar. Alguns dos trava-línguas tradicionais não têm outro significado senão o da dificuldade da articulação ou da repetição da mesma letra.

Este tipo de texto insere-se na categoria das formas poético-líricas da literatura tradicional de transmissão oral, com notórias influências na actual poesia infantil.

Além de serem um desafio educativo e lúdico para crianças de todas as idades, são bons exercícios de dicção nas escolas de teatro. Promovem a perspicácia, a concentração e a memória através do contacto com a riqueza fonética das palavras.


Fonte: http://sol.sapo.pt/blogs/anatarouca/archive/2007/05/01/Trava_2C00_-trava_2C00_-trava-l_ED00_ngua_2100_.aspx




Read Users' Comments (0)